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quinta-feira, 1 de setembro de 2011

As Lagrimas do Dragão

È noite, as gotas de chuva, caem contra o vidro da janela do quarto, um rosto esta apoiado contra o vidro, a pele branca e rosada, os olhos amendoados azuis tão cristalinos, o cabelo naturalmente ruivo e liso que vai até a cintura parece castanho pela penumbra que toma o quarto, o contorno redondo da face delicada, o corpo esguio de baixa estatura, as vestes negras, as lagrimas escorrem pelo rosto, mas o que o vidro reflete é a face zoomórfica entre mulher e dragão, de tons vermelhos e azuis são suas escamas, seus olhos são quase violeta, esta é Johhanna, assim como tantos outros uma filha da Luz, enquanto a vibração terrena muda, a Luz envia seus filhos mais evoluídos e talvez os mais amados também, são eles os Índigos, cristalinos, estelares e arco-iris, mas a vida de muitos deles assim como a de Johhanna esta longe de ser fácil, muito longe. Ela chora quase todos os dias, pela dor e pela violência. “ Por que? Por que? Eu nem havia nascido, eu era só um bebe, ainda na barriga da minha mãe, e eles tentaram me matar, uma vez, outra vez, uma vez mais...Eles destruíram minha oportunidade de ser feliz no amor...e tudo o que eu perdoei, ah Javeh, quantas vezes eu dei a outra face, tantas que eu nem sei quantas, e foi além de mim, era mais do que eu podia agüentar e eu agüentei, firme e forte como um homem deve ser, eu caminhei descalça por estradas de espinhos eu segui, e eu tentei, até já não poder eu perdoei, eu ignorei e eu dei amor mesmo, recebendo ódio e desprezo, sem nunca ter feito nada eu continuei aceitando, afinal eles eram a minha família não é mesmo? Era assim que eu deveria agir, não era? As vezes eu penso que eu fiz tudo errado, mas aqui na Terra as vezes é tão difícil saber o que é certo. E Eu faço o que posso e muitas vezes até o que não posso. Mas, oh... Senhor eu já tive medo, muito medo e medo de que se tudo que eu via eu estava acostumada, mas as vezes parece que faz tanto tempo, e aqui na Terra tudo é tão diferente e ser diferente as vezes faz com que queiram te caçar, mas fugir do caminho que o Senhor traçou, foi ainda pior...Por que?
Por que tinha de ser assim? Eu nunca quis machucar ninguém!

Mas eu me pergunto até onde um homem agüentaria? O que outra pessoa em meu lugar faria, vendo sua avó sendo ameaçada de morte, sendo extorquida pouco a pouco, vendo meus pais brigando e ficando doentes, por causas Senhor, que conheces muito bem, e eu mesma sendo ameaçada de seqüestro, de apanhar sem ter feito nada, vendo meu avô morrer daquele jeito, e hoje sabendo muito bem a causa do que foi aquilo, mas Senhor eu não sou um homem comum, o Senhor, bem o sabe, e quando eu sinto o mal é como Thor o deus do trovão o sente, sinto repugnância pelo mal e talvez por isso eu compartilhe também de uma honestidade simplória como a do deus do trovão, mas eu sinto o mal e logo esse rugido se manifesta em meu peito, antes eu ouvia o rugido e não sabia da onde vinha, hoje eu ouço o rugido e já sou a fera, o instinto draconiano me toma, a garganta parece fechar-se, eu posso ouvir os batimentos cardíacos do inimigo, posso sentir seu coração pulsando, no instante seguinte meus músculos já estão rígidos e aquela força descomunal aparece, e existem tantas perguntas que ainda não me foram respondidas, mas essa eu bem gostaria de saber o que um homem comum faria, ele conseguiria seguir pelo caminho do meio, como eu? E até quando eu serei capaz de resistir a tanta pressão? E seguir pelo caminho do meio. Mas agora senhor já é meia noite e uma nova missão me espera, é hora de dormir, amanhã é um novo dia.”

Johhanna deitava-se sobre o travesseiro arrumando os longos cabelos ruivos, e respirava lentamente, acima de sua cabeça via uma luz azulada, os olhos azuis se fechavam, agora ela dormia.

Valhala

Johhana pisava vagarosamente sobre o piso branco do palácio de pedra, a aparencia do local transmitia frio, mas ela não o sentia, o longo vestido branco lhe cobria os pés, a saia de babados, recobria outras tantas saias, o decote era oval e possuía babados, até mesmo nas alças, os cabelos ruivos estavam em dois coques laterais, adornados com flores igualmente brancas, os sapatos delicados de salto, presos com uma pulseira nos tornozelos, quando ela andava um barulho suave do salto dos sapatos contra o piso do palácio ecoava pelo salão, ela andava com calma.

       - Johhanna? - Uma voz ao longe chamava, o timbre era alto e calmo, era a voz de um senhor, ao longe da-li via-se um trono, que parecia ter sido feito de madeira.

       -  Odin? - A moça questionava, com a voz suave.

       - Sim, venha até aqui.- O deus a chamava. 

- Johhanna caminhou pelo salão calmamente, sua aura era placida, assim como sua face delicada, seus olhos pareciam ainda mais azuis, ela aproximava-se da pequena escadaria que levava ao trono de Odin, ela aproximou-se do primeiro degrau e ajoelhou-se como um guerreiro faz.
- Levante-se Johhanna. - Dizia o deus calmamente, venha comigo, Thor e Hades nos esperam no jardim.
- Odin levantou-se do trono e seu manto branco, arrastava pelo chão, ele seguiu por detrás das cortinas e a moça o seguia, passaram por mais alguns salões até que chegaram ao jardim, a grama verde e brilhante e as flores de diversas cores e tipos davam aquele lugar uma beleza única, haviam algumas cadeiras e nelas estavam sentados um homem de pele branca e cabelos negros, trajando uma túnica negra e um ruivo bem mais alto e forte de armadura prateada, eles conversavam, enquanto Odin e Johhanna se aproximavam, os dois voltaram seus olhares a ambos, enquanto levantavam-se.

- Johhanna – O Ruivo estendia os braços, e a moça o abraçava.
- Hades mais silencioso e discreto também a abraçou.

Thor, Hades e Odin, ensinavam Johhana, isso acontecia algumas vezes por semana, quando ela não estava sendo ensinada estava lutando, ela permanecia com eles durante muito tempo.

          - Johhanna, você já cospe fogo? - Questionava Odin, com um tom preocupado.
- Ainda não, Odin.
- Você não deve lutar sem que um de nós esteja por perto.

          -  Por que não, Pai? - Falava o ruivo.
- Pode ser perigoso. - Odin matinha um tom serio.

         - Como assim? Ela transformada em dragão tem uns vinte metros de comprimento por doze de altura, aqueles insetos não podem nada contra ela! - Justificava o ruivo.

        - Mesmo assim Thor é muito arriscado- Ponderava Hades.
- Isso mesmo, Hades tem toda a razão, Johhanna não deve lutar sozinha, por enquanto.    Ouviu Johhanna? - A jovem apenas abaixou a cabeça.
- Quero ver é ela obedecer! - Thor tinha um tom irônico, definitivamente o temperamento de Johhanna não era dos melhores.

 

As Lagrimas do Dragão - Cap.1


  Cinco e trinta da manhã o despertador de Johhanna toca, ela se espreguiça na cama mais um dia começa, apesar de tudo se sente bem e revigorada, as conversas com os deuses são sempre muito proveitosas, seu aprendizado se guia rápido apesar do tempo perdido, já fazia tanto tempo desde quando ela perdeu o contato com o mundo das fadas. Johhanna ainda é muito jovem, mas já possuía um nível de conhecimento que algumas pessoas que se dedicam a vida inteira, as vezes não o conseguem ou pelo menos não com tanta facilidade, seu maior questionamento, dava-se a pensar qual seria a sua classificação diante da Luz, seria ela um Índigo, Cristalinos, Estelares, ou Arco Iris, como um Índigo ela é forte e questionadora e sua presença é o suficiente para incomodar, sem que ela ao menos necessite abrir a boca, como um Cristalino seus olhos são azuis, bem azuis, mas quem olha pra eles pode praticamente ver através deles como se fosse um cristal, ela também é dotada de uma tranqüilidade semi-incomodativa, como um Estelar ela aparenta muito menos idade do que realmente tem, hoje Johhanna tem 21 anos mas quem não lhe conhece lhe dá entre 12 e 14 anos, e como um Arco-Iris ela não foi afetada pelas energias negativas mundanas deste terceiro plano, ela pode viver no olho do furacão sem ser tragada por ele, o que acontece com Johhanna nesse sentido é bem simples, nem dinheiro, nem paixões arrebatadoras, são capazes de corrompe-la, e ela já foi digamos assim, tentada por ambos. Fazem seis meses que ela se formou em administração de empresas um curso tecnólogo de dois anos de duração, e a um ano ela enfrenta o pior temporada de furacões e tempestades familiares, que pouco deixam a desejar as catástrofes climáticas, que atingem os continentes nessa fase de transição terrena de terceira dimensão para quinta dimensão, a ascenção terrena atinge muito seres humanos mas infelizmente, parece não produzir resultados positivos em parte de sua família, podemos ver boa parte da humanidade preocupada em achar soluções para os problemas que sejam ecologicamente corretas, já alguns parentes dela estão preocupados em ser o problema de forma efetiva.
    A um ano exatamente Johhanna descobriu que eles são feiticeiros Voodoo, até ai isso não seria nenhum problema se, como eu disse existe um se, se eles utilizassem seu conhecimento como nos primórdios da arte Voodoo, quando o Voodoo surgiu e alguns acreditam que seu aparecimento foi no continente Africano, a muito tempo atrás, ele era um método de cura, conexão com Deus Javeh e elevação espiritual, mas não diferente do que ocorreu, com outras magias e símbolos sagrados como o pentagrama que foi invertido, como afronta já que este foi o primeiro nome de Deus do qual a humanidade teve conhecimento, e com a cruz que foi ainda pior teve o filho de Deus preso a ela como maneira de demonstrar desrespeito a Luz, e com o simbolo do Martelo de Thor, que teve seu ângulo modificado e foi usado como símbolo do holocausto, o Voodoo padeceu da mesma doença seus conhecimentos foram deturpados, seu uso foi adaptado a todos os tipos de maldades e Johhanna, infelizmente foi uma das pessoas que viu o estrago causado por esses seres de baixa elevação espiritual bem de perto e indiretamente também foi a vitima.
   Ela termina seu banho por volta de cinco e quarenta e cinco da manha, penteia os cabelos lavados, e como sempre põe seu uniforme preto do salão de cabeleireiros e faz uma maquiagem leve, visto que tem de passar o dia todo com ela não pode correr o risco de uma hora para outra estar parecendo uma palhaça, as seis horas da manhã como de costume sai de seu quarto e caminha por um corredor da casa térrea onde mora com os pais no bairro da Liberdade em São Paulo, na sala dormem os dois cães da raça pit bull, machos encontrados abandonados nas ruas do centro a quatro anos, os cães são alimentados duas vezes por dia, um deles é bem grande e robusto de pelagem marrom avermelhada e olhos verdes, o outro um pouco menor não possui uma pata fruto de causa genética devido a cruza irresponsável, pela manhã os cães comem e correm no amplo quintal da casa, depois de alimentar os dois, Johhanna prepara o café da manhã para os pais, faz questão que a alimentação de ambos seja bem reforçada e balanceada, sempre na noite do dia anterior ela deixa frutas cortadas e limpas, um suco de frutas fresco e caseiro pronto na geladeira, o queijo e o presunto arrumados em uma bandeja, e a maquina de fazer pão programada para que as seis e quinze, como acontece agora o pão esteja dentro dela pronto e fresco, os pais de Johhanna chegam a cozinha e tomam café com a filha, que dez minutos depois sai e se dirige de ônibus até o bairro do Santana, onde reside sua avó em um residencial de idosos.
    Johhanna desembarcava no bairro do Santana, parava na padaria e comprava dois pães doces pra sua avó Èriu, conversavam por meia hora e após Johhana ouvir de Èriu, com seus pequenos olhos azuis trêmulos, encobertos por mechas curtas de seu cabelo agora devido à idade tingido de ruivo e não mais exibindo o seu laranja canela natural que emolduravam seu pequeno rosto redondo e a pele levemente alaranjada, presos atrás de sua nuca em um pequeno coque, “Tome cuidado! Tenha muito cuidado minha filha!”, com sua voz doce e preocupada dizia todos os dias Èriu a jovem ruiva, que mais parecia seu clone no ápice da juventude. Sua neta lhe sorria e beijava docemente a mão da velha senhora e voltava para seu trabalho no salão de beleza.
   Johhanna é dedicada em tudo o que faz, seja em, cuidar de seus pais, sua avó, seus cães, ou das luzes de suas clientes. Johhanna era assim doce e feroz como um abismo, gentil e forte, ágil e lenta ao mesmo tempo, era tão fácil descrevê-la da mesma maneira que se fazia difícil, a jovem tão bela quanto o retrato do invisível, desconhecia muito mais de si mesma do que conhecia, mas apreciava em sí mesma, sua justiça e honra, qualidades sem as quais não se molda um guerreiro.
    O expediente dela no salão terminava todos os dias entre as 19:00 hs e 19:30, ela fechava as portas e passava pela lateral para garagem de sua casa e de lá pra dentro de sua própria casa. Lá ela servia o jantar a seus pais, cuidava de seus cães e depois ia para o seu quarto como agora. Ali esta ela sentada na cadeira preta de couro na frente do computador, enquanto prepara os pedidos de tintas de cabelo e hidratantes para seu salão, sua mente esta longe, vagueando pelas lembranças do passado recente e outro distante, nenhuma delas agradável.
   Na lembrança recente ela vagueia por um local cinzento, indefinido às vezes ele assemelhasse a uma sala com poucos moveis, por momentos salpicada de tons pasteis, noutros apenas cinza, sem ruídos, porém o medo lhe ronda, lhe espreita como seu pior inimigo, os tambores de som alto, grave e inaudível formam a terrível marcha ao fundo, sua respiração agitasse, a estranha sensação de ser observada, como uma zebra sendo observada por um leão, um vulto, outro e outro, incontáveis, um grito, um choro, o desespero, eles estão na sua garganta, nos seus braços e pernas, a mordem como carrapatos a um cavalo, os vultos ganham contornos definidos, ela conhece a todos aqueles rostos, eles riem, eles divertem-se de sua agonia, regorjeiam com o seu desespero e agonia, ela tenta correr mas não pode, os dentes e mãos deles lhe travam, ela grita inaudível e agonizante, lagrimas escorrem de seus belos olhos azuis, um fluido viscoso e cintilante como diamante, escorre por seus braços e para dentro da garganta de seus agressores por entre seus sorrisos diabólicos, os ferimentos doem como se ela estivesse sendo apunhalada centenas de vezes, por adagas finas e muito afiadas, seus olhos tremem, o tempo parece horas, mas são só segundos, segundos de medo, de pavor, da terrível sensação de impotência diante do inimigo feroz e insaciável, por energia, dor e sofrimento, seus joelhos fraquejam, a luz parece diminuir, ao mesmo tempo a raiva cresce, ela tem aquela sensação estranha que lhe acompanhou por toda a vida, uma vez mais ela se repete, a sensação de poder ser animal, descomunal, o poder emerge enquanto o medo aflige, a dor cresce, o desespero aumenta, a sensação de fraqueza parece intransponível mesmo com aquele instinto animal, a dor é muito forte para ser suportável, aqueles seres odiosos se divertem mais e mais com sua agonia, a sugam, mais e mais, são audaciosos, não temem nada nem a ninguém, os joelhos amolecem, o som estrondoso de sua queda ao chão como um prédio implodido, é inaudível, Johhanna une o pouco que resta de suas forças e grita em desespero.
- HADES!!! PAI, SOCORRO!!! – As lagrimas são fartas, pingam de seus olhos como as pedras de uma avalanche.
- Filha...- Responde a voz plácida e suave como seda. – Escute...
- Me ajuda Pai...Me ajuda...- Ela implorava com o pouco de força que ainda tinha, gaguejante enquanto os vultos que não viam “O Invisivel", divertiam-se ainda mais com seu desespero, em suas mentes deturpadas e sombrias, ela era ainda mais saborosa amedrontada. As gargalhadas ecoavam pelo tenebroso salão.
-Olhe para você, ao que você foi reduzida agora? Apenas uma criança chorona chamando o “Pai”- A mulher ria deliciava-se ao sabor do pânico na voz de Johhanna.

Continua...